quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O SEXO DAS PALAVRAS

Eu sempre trepo com as palavras, é amor à primeira vista. Trepo com uma maneira especial, de um jeito único, carinho e respeito, sem estuprá-las. Por isso, sou bem aceito, assediado e seduzido por elas. Geralmente trepo com as palavras no primeiro encontro, mas antes de penetrá-las em seu íntimo sintaxe, apenas tento boliná-las. Eu, lírico, teclo cheio de tesão; elas, entoam prazeres.
Trepamos no presente indicativo e no futuro subjuntivo, sem deixar de lado o passado erótico, mais-que-perfeito, fazendo aquelas obscenidades no infinitivo pessoal, arrastando palavras, conjugando verbos, elaborando frases.
As palavras aguentam tudo, todos os verbos, adjetivos, advérbios, sujeitos, plurais, substantivos, a nomenclatura de síntese (com ou sem os acessórios das orações) e toda a cúpula das figuras de linguagens, suas concordâncias nominais, os pronomes relativos - com semântica sempre por trás, ocasionando uma orgia de análise sintática, termos essenciais a uma boa trepação, paradigmas flexionais da categoria gramatical - a pontuação.
Se acho que não devo usar certas palavras, não gozo. Trepo de manhã, a tarde e de noite, comendo, ainda, as sempre sábias palavras em sua profunda capacidade de me fazer gemer, sem dor...


(Alex Contente)

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