sexta-feira, 30 de novembro de 2012

CARTA ÀS DOCES AVÓS

Olá vovó? Como está tudo aí? Incrível, nunca escrevi para a senhora. Apenas falo. Mas  é que hoje acordei sentindo a sua falta, sabe, sentindo falta do seu cheirinho de alecrim e também do cheirinho do seu café, aquele café maravilhoso que me deixa sempre com gostinho de quero mais. Ainda hoje eu sorrio ao pensar no jeito que minha avó franzia o cenho sempre que tocava no nome do vovô.
Sabe vó, eu queria você aqui comigo hoje. Queria poder lhe abraçar demoradamente. Ah vovó, como eu queria lhe afagar os cabelos brancos, como eu queria teus braços à minha volta me aquecendo e me protegendo do mundo. Queria poder voltar no tempo, no tempo em que era rotina dormir em casa, na companhia dos pais. (Hoje em dia a molecada faz questão de dormir na casa dos outros.)
Às vezes, eu fico me perguntando, o que será de mim, quando Deus resolver levar minha velha guerreira? O que irei fazer? Pra quem irei pedir arrego? Pra quem eu vou ligar só para ouvir um ''Deus te abençoe, meu filho!'', daqueles bem sincero? Quem eu vou abraçar para sentir aquele doce cheirinho de alecrim? Serão só as lembranças de uma das mulheres mais sensacionais de minha vida? Se agora é só saudade, imagina quando seus olhos se fecharem para sempre, acho que vou junto. Vó, primeiro quero lhe pedir desculpas por não ter sido um ótimo neto, por às vezes ter te respondido (mas releve, eu era apenas um menino inocente); por às vezes ter sido grosseiro ou impaciente (releve de novo, pois eu era um adolescente rebelde).
Peço desculpa por todas as traquinices que aprontei. Vó, os meus melhores agradecimentos - e meu sincero respeito - somente para a senhora. Agradeço-te por ter sido minha segunda mãe, agradeço o melhor alicerce que alguém pode ter. E agradeço por você ainda estar aqui, mesmo longe, mas por ainda se preocupar com esse netinho estabanado que te considera tanto e que de certa maneira não vive sem a sua velhinha. Eu te amo e esse amor vai além de todas as coisas deste mundo.
De seu solícito de bem-humorado neto, um beijão em cada rosto!

(Alex Contente)

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