O mês junino me faz lembrar da infância, vestido de caipira, comemorando os santos festeiros à base das guloseimas típicas: mingau de milho, pé de moleque, canjica, bolo de macaxeira, aluá, etc. Naquela época era tudo diferente. A tradição dedicada ao sacrossanto perdeu a graça. Não há mais aquele charme da camisa xadrez, o famigerado chapéu de palha e o jeito habilidoso de se armar uma fogueira. As bandeirinhas de hoje servem para sinalizar arrastões. Também não existe mais a incorporação matriarcal dos terreiros.
O Boi-Bumbá, coitado, não muge com medo de morrer, mesmo com a promessa de ser ressuscitado por atos de penitências...
Quanto às quadrilhas - que antes ousavam nas coreografias da quadra junina - hoje é quase visto como sinônimo de formação armada. Até o matuto não é mais o mesmo. O casamento de mentira complica o casal de verdade. Os Pássaros Juninos se transformaram em Lendas Urbanas. As músicas atuais sepultaram os verdadeiros padrinhos. O coração caipira chora. De raiva. Sobrou até para a Miss Caipira, que agora virou Garota Safada.
O requebra requebra sem fim do Lepo Lepo é quem comanda a festa dedicada aos santos, detonando o descanso do padre. Como se pode ter casamento na roça sem a presença magistral do vigário?
(Alex Contente)
sábado, 7 de junho de 2014
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