sábado, 15 de novembro de 2014

RIO GUAMÁ INUNDADO EM MIM

Voltar a morar no bairro do Guamá ficou na minha alma uma sensação de que tudo o que estava vivendo - e passando - dependia exclusivamente do que eu pensava ou sentia, e, sem me dar conta, comecei a substituir espontaneamente por estratégia. Lentamente, os atos de atenção foram substituídos por retratos dos próprios medos. Mas ainda surgem reclamações - quase sempre explícitas - que acabam por se transformar em eternas misérias interiores, enquanto vejo que sou o único capaz de proporcionar uma sucessão de queimas de fogos de artifício. É pesada demais a carga da responsabilidade colocada nos ombros. Lamentavelmente, o meu sorriso aqui agora nunca sorriu; o meu sorriso não foi aquele que eu esperava.
Por um momento vejo que há possibilidade de recomeço, de refazer a vida, mas vejo também que preciso permanecer um pouco mais no inferno mental do remorso. Vou tentar estar atento, forte e por conseguinte despertar para os valores transcendentais desse mundão sem porteira.
Mergulhado nas águas turvas do rio Guamá, imploro que mamma mundi me ensine a remar, pois navegar é preciso. Viver, também.

(Alex Contente)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EM DESTAQUE

ADEUS, NAVEGADOR

Ele se foi, esbanjando no rosto um expresso alívio.  Sem pesar a dor de quilo daquilo do que já lhe era rotina dia a dia. Mas acabou. Pulou ...

AS MAIS VISITADAS