AlmamegaMente

Você olha pra vida

Eu imagino a morte

Você Chama Verequete

Eu sou fã de Espanhola

Você passeia à Beira-Mar

Eu aventuro pelo Futuro

Você com vento nos olhos

Eu prevendo azar ou sorte

Você gosta de novelas

Eu prefiro temas musicais

Você jura amor

Eu com medo de dor

Você um poço de bondade

Eu um desmaio de saudade

Você curte sonhar

Eu adoro relembrar

Você paciente em tudo

Eu meio urgente em nada

Você se apega à prece

Eu já nem tenho pressa

Você insiste em vasculhar

Eu teimo em bagunçar

Você se veste de manequim

Eu com jeito de tupiniquim

Você tem sede no beijo

Eu mato o desejo no queijo

Você crê no invisível

Eu vidrado na lógica

Você com sono de princesa

Eu no despertar das horas

Você rindo de tudo

Eu calado sem graça

Você é toda festa

Eu tudo que resta.

(Alex Contente)

Meu outro retrato

Me vendo no outro
Meu outro retrato
Espelho no outro
Meu autorretrato
O que trago do outro
Meu trato retrata
O retrato do outro...

(Alex Contente)

Sol de primavera

As manhãs de setembro chegaram e agora, mais do que nunca, é tempo de primaverar a alma nos campos da atmosfera reflexiva.
A carga elétrica não para e os fios cerebrais - tendo o tempo como condutor, - têm horas que não aguentam tamanha pressão, causando-nos um curto-circuito inesperado.
A vida exige resistência. E o resistor consequentemente precisa de capacidade para exercer a alta voltagem da evolutiva força armazenada...

(Alex Contente)

Vampiros brasileiros

Torcendo para que termine logo com essa infernal campanha draculiana de vampiros brasileiros blindados, que não dormem nunca, não têm medo do sol e muito menos de água benta; nem alho nem estaca conseguem deter os morcegos partidários, sugando nosso sangue sagrado até a alma, espalhando o terror anêmico digno dos filmes de Bram Stoker...

(Alex Contente)

A saudade numa imagem

Passeio no mar

O dia
Propício
Ao passeio
No mar
A testemunhar
Como navegar será
Ficar desbussolado
Pra ver o quanto é amar...

(Alex Contente)

Vote em mim!

Olá, tudo bem? Vim aqui pedi os votos de vocês, pois sou candidato e preciso muito para poder me eleger. Imploro por esse voto de confiança. Juro pela fé da mucura que irei honrá-los com a minha palavra.
Meus projetos? Simples, mudar de vida e realizar meus sonhos. Morar numa mansão lá pra bandas de Jericoacoara; possuir o melhor carrão importado pra desfilar com meu amor (sim, claro que ela vai gostar!), ser dono de muitas fazendas pra criar gados (milhares de cabeças), galinhas, marrecos, patos, capotes, gansos; quero construir um condomínio de luxo na Beira-Mar e botar toda a minha família pra morar lá.
Quero roubar, roubar muito, roubar roubar mesmo. Só penso nisso. Tudo que eu poder roubar, prometo roubar, inclusive o pensamento de vocês. Até relógio de amigo parlamentar vai dançar. Você, fiel eleitor, sabe me dizer se eles usam Rolex? Até então tô por fora da marca, mas depois de roubar, digo, eleito, conto pra vocês.
Comigo não vai passar nada. Quero comer nos melhores restaurantes. Frequentar as melhores festas. Curtir nos melhores motéis. Quero sair uma noite sim e outra também com uma acompanhante de luxo de site erótico. Quero também enrabar o povo. Quero que faça fila no meu gabinete. Quero fazer o serviço direito. Farei o bem sem olhar a quem.
Pretendo também trabalhar uma vez por mês (mas se eu tiver muito cansado, vou nada), quero mesmo é meter a mão no dinheiro e, se possível, cair fora. Roubar será o meu lema.
Mas pra tudo isso acontecer de verdade, amados eleitores, preciso muito de seus votos. Além do nepotismo apoio de família, preciso também dos amigos, dos inimigos, do patrão, da patroa, de todo mundo. 
Digo e repito: juro que eu vou foder com todos vocês. Irei roubar pra caralho. Serei uma Autarquia de paletó e gravata.
Primeiramente, conto com vocês. Depois, claro, o dinheiro. E por último Deus. Sei que Ele tem um plano pra mim. Tenho fé!

(Alex Contente)

De repente, 42

VerSorver

VIDA LOUCA

A gente tira carteira - e não tem carro
A gente adoece - e não tem plano
A gente faz poesia- e não tem leitor 
A gente faz arte - e não tem público
A gente trabalha - e não tem dinheiro
A gente dorme - e não tem descanso
A gente tem dor - e não tem remédio
A gente sofre - e não tem paz
A gente morre - e não tem buraco...

(Alex Contente)

Acyr, assim, entre nós!

Lembro-me de Acyr Castro nas páginas da Província do Pará, em 1996, quando na época eu desempenhava a função de digitador, dando os primeiros passos numa redação de jornal; e para onde Acyr mandava (quase que de forma religiosa) sua coluna diária, lauda por lauda datilografada, fazendo questão do velho estilo peculiar de escrever.
Mas o que mais me chamava atenção nele (além do seu jeito simples) é que ele era uma pessoa que lia bastante - um crítico literário, voraz e perspicaz.
Um senhor das letras. Um Goethe do jornalismo paraense. Fã de livros. Fã de cinema. Fã de Hitchcock. Fã de Cary Grant. E muito diferente de meu pai.

(Alex Contente)