Caetano Veloso vem à cidade de Belém dá seu abraçaço somente para os afortunados. É proibido proibir a voz do morto que diz: eu sou o samba! Mas caminhando sem lenço e sem documento fica difícil prestigiar o Leãozinho, que deixa o meu coração tão só. Porque o trem das cores que me levaria ao Grêmio Literário tá pra lá de Marrakesh. Enquanto o seu lobo não vem, alguma coisa acontece quando cruza a José Bonifácio com a Bernardo Sayão. Mas todo dia, toda hora, a vida é tão sacana, que o meu jeito de corpo é ficar sozinho no silêncio da noite, sabendo que alguém cantará Odara ao longe daqui, alguém cantando o que é bom de se ouvir. Mamãe, coragem, para o menino do rio, que nem sente, a dor e a delícia de ser o que é: meia-lua inteira. Eta, eta, eta, "vamo" comer poesia, se tiver, se não tiver então, vamos seguir o mendigo Joaosinho beija-flor, e um índio que descerá de uma estrela colorida e brilhante, parecendo-lhe uma boca banguela. Como eu não tenho nada, araçá azul, com fé em Deus eu não vou morrer tão cedo, quero ver Irene dar sua risada. Em relação ao preço do ingresso, Lobão tem razão...
Vaca profana, não quero sugar todo seu leite, nem quero você enfeite do meu ser, apenas te peço: põe teus cornos pra fora e acima da manada. Que pena, que pena ah!, o mano Caetano já não faz milagres de um povo...
Como eu não tenho dinheiro para ir vê-lo, então terei que ser leal comigo em me contentar de apenas ouvi-lo, uma vez que you don't know me, bet you'll never get to know me...
Abraçaço Caê!
(Alex Contente)
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
VAMOS COMER CAETANO?
O eterno Leãozinho em pleno palco da Assembleia Paraense. |
Mural daqueles que 'caetanearam o que há de bom'... |
(Alex Contente)
domingo, 9 de fevereiro de 2014
sábado, 8 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
ADEUS, BRUCE!
''Nós, gatos, já nascemos pobres; porém, já nascemos livres.'' |
O gato Bruce era demais engraçado, tirava sempre uma com a gente só no olhar atento, querendo dizer: ''Ai, minha Nossa Senhora das Gaiatices me valha! Quando a minha dona descobrir que eu parti a jarra de barro...''. Era sempre assim.
Era um gato vadio, briguento. Passava normalmente o dia todo esperando comer - e comia muito bem por sinal. A família toda da casa até ignorou o seu passado, mas ele devia estar traumatizado, coitado, dado que não permitia que alguém se aproximasse demasiadamente, nem mesmo a minha mulher que habitualmente o tratava várias vezes ao dia, como uma enfermeira particular. Bruce era um gato tão meigo que tinha nas lambidas uma demonstração de carinho e amor. De forma contagiante.
Mas morreu. E agora o rato vai aparecer. Não sei, mas tenho a impressão de que os gatos julgam que somos parvos! Outra curiosidade: quase não miava. A casa era seu território, cheia de aconchego só para ele. Os intrusos éramos nós. Ah, quer saber de uma coisa: ele já nasceu assim, um gato fadista! Mas fazer o quê?
São muitas raras as pessoas cujos espíritos podem compreender o amor de um homem por um bichinho de estimação, menos, ainda, a reciprocidade inocente desse mesmo amor. Porém, isso pouco (ou nada) importa... o que importa é o sentimento cujas raízes emigram do coração para se mostrarem - sem vergonha nenhuma, sem constrangimento - à flor da pele, pois aprendi, já faz tempo, que os bichos são simples seres da natureza, tão somente simples seres da vida...
(Alex Contente)
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
GENTE FALSA
Quando eu morrer, TUDO QUE É FILHO DA PUTA vai chegar dizendo que era meu amigo. Então prestem muita atenção naqueles que são realmente meus amigos na hora de dividir o caixão comigo. É o que eu sempre tenho dito...
(Alex Contente)
(Alex Contente)
sábado, 1 de fevereiro de 2014
COM AS PERNAS NO MUNDO
Minhas pernas são pequenas para um domingo.
Elas não me acompanham, pois sou mais ágil.
Porém, elas me aquecem da chuva ou do sol.
E também me orientam, servem de bússolas.
Me acompanham na hora do xixi. Ou do cocô.
Me esperam quando apressadamente já quero ir.
Me protegem dos degraus da vida.
Eu só tenho elas. Não tenho outras.
Minhas pernas, prima das canelas, são meus trunfos.
São respeitosas. Me obedecem, só fazem o que eu quero.
Se dou dois pulos fora do lugar, logo me alertam, mas de forma cautelosa.
Nunca pensei que escreveria para as pernas. Sobretudo, para elas.
Que me perdoem os outros órgãos do corpo. Ou da vida...
(Alex Contente)
Elas não me acompanham, pois sou mais ágil.
Porém, elas me aquecem da chuva ou do sol.
E também me orientam, servem de bússolas.
Me acompanham na hora do xixi. Ou do cocô.
Me esperam quando apressadamente já quero ir.
Me protegem dos degraus da vida.
Eu só tenho elas. Não tenho outras.
Minhas pernas, prima das canelas, são meus trunfos.
São respeitosas. Me obedecem, só fazem o que eu quero.
Se dou dois pulos fora do lugar, logo me alertam, mas de forma cautelosa.
Nunca pensei que escreveria para as pernas. Sobretudo, para elas.
Que me perdoem os outros órgãos do corpo. Ou da vida...
(Alex Contente)
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