''Nós, gatos, já nascemos pobres; porém, já nascemos livres.'' |
O gato Bruce era demais engraçado, tirava sempre uma com a gente só no olhar atento, querendo dizer: ''Ai, minha Nossa Senhora das Gaiatices me valha! Quando a minha dona descobrir que eu parti a jarra de barro...''. Era sempre assim.
Era um gato vadio, briguento. Passava normalmente o dia todo esperando comer - e comia muito bem por sinal. A família toda da casa até ignorou o seu passado, mas ele devia estar traumatizado, coitado, dado que não permitia que alguém se aproximasse demasiadamente, nem mesmo a minha mulher que habitualmente o tratava várias vezes ao dia, como uma enfermeira particular. Bruce era um gato tão meigo que tinha nas lambidas uma demonstração de carinho e amor. De forma contagiante.
Mas morreu. E agora o rato vai aparecer. Não sei, mas tenho a impressão de que os gatos julgam que somos parvos! Outra curiosidade: quase não miava. A casa era seu território, cheia de aconchego só para ele. Os intrusos éramos nós. Ah, quer saber de uma coisa: ele já nasceu assim, um gato fadista! Mas fazer o quê?
São muitas raras as pessoas cujos espíritos podem compreender o amor de um homem por um bichinho de estimação, menos, ainda, a reciprocidade inocente desse mesmo amor. Porém, isso pouco (ou nada) importa... o que importa é o sentimento cujas raízes emigram do coração para se mostrarem - sem vergonha nenhuma, sem constrangimento - à flor da pele, pois aprendi, já faz tempo, que os bichos são simples seres da natureza, tão somente simples seres da vida...
(Alex Contente)
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