sábado, 18 de abril de 2015

TÃO SÓ

Muita gente não sabe como preencher os espaços vazios...
E perdido. Preciso dos meus donos perto de mim. Não me alimento direito há dias tampouco durmo em paz. Minha saudade é celular em chamadas não atendidas. Sigo devagar em tempos úmidos, sigo latindo para São Jorge as canções apagadas, peço e rogo para poder falar o meu lamento ao povo. Minhas orelhas tremem de desejos, e as pulgas não servem de bússola.
O vizinho da casa ao lado escuta rádio e a música me diz que está sendo difícil e isso só me faz chorar. Acho que o vizinho até faz de propósito porque a letra teima em me fazer sofrer. Por que meu barco está vazio? No momento, sete mil vezes imploro, grito help pelos olhos, farejo culpa pelos cantos da dor, que subjuga quem sente. Meu coração sacoleja saudades por onde estou e vou, mas entre tantos corações parece que só ele apanha... Quem me dera ser gente, pois gente não entende nada.
Há tantas caras estranhas aqui querendo ficar comigo, porém, mesmo que eu passe toda minha vida ainda assim esperarei um dia voltar para o meu reino antigo, nem que seja num domingo de manhã como reza àquela música sertaneja chata - que mais parece hino de Testemunha de Jeová -, mas que tem o poder de me fazer tanto ri espichando o rabo toda vez que a ouço.
Meus donos sempre serão uma paisagem útil. Mesmo que distantes.

( Raul Velho de Guerra é o meu nome )

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