quarta-feira, 29 de abril de 2015

ELE VOLTOU, MAS NEM ÀS PULGAS CONFESSA

O infante Raul em pleno passeio pra lá de Marrakesh.
Raul sempre foi um cão revoltado de nascença, incompreendido por latidos de força metafísica esotérica lisérgica e injustiçado pelos deuses da mais alta hierarquia canina. Talvez uma maldição oriunda do outro lado de lá da cachorrada irracional.
Há duas semanas ele havia fugido. Pra nunca mais voltar. Mas foi resgatado.
Raul queria mesmo era só se divertir, esquecer um pouco as pulgas e as lambidas diárias no saco escrotal de tanto cio, no couro até a alma supersônica.
Com ele não tem frescura. Seu uivo é uma devassa libertação a quatro patas, com direito a uma linguada quente na orelha esquerda à primeira vista. 
De maneira pragmática, acho que Raul precisava fugir. Talvez ele quisesse trepar até o final do ano, já que sua cachorrilidade punk não o permitia ir muito além para romper de uma vez as estruturas carrapatais que tanto o perseguem. Não há em toda veterinária um remédio que o fizesse desistir de tal façanha. Ele só pensava nisso todo dia.
Descendente de mãe de santo das brabas, Raul foi criado com toda serventia própria dos cães papacus que vivem isoladamente tarados e pervertidos.
Malandro com faro de Doberman e força de Pitbul, preferiu se abrigar nos escombros do Lapinha ao invés dos amontoados e alagados inferninhos do bar São Jorge. Bom gosto ele sempre teve. Mas agora cismou em querer fazer parte do casting da série Horses & Dogs da Brasileirinhas. Cris Mel é a sua musa, digo, cadela, preferida das performances cinematográficas. 
Entretanto, cansado de sua pulguenta penitência, ele voltou. Justamente pra nunca mais ter que olhar o seu improvisado abrigo que um dia foi de um luxo só: com direito a strip-tease para o deleite de qualquer destemido cachorro doido de sofrência absoluta.
A vontade dele conhecer de pertinho o palco onde reinou Beth Maluca - a mais famosa puta de vulva atrofiada que o Lapinha já reverenciou com pombas black or white - foi a rota para o seu paladar chamegoso de nove dias, algo pra ele como um lugar do caralho. Mesmo passando fome, lutou até o fim por um petisco-desejo de ter o rabo cruzado a outro rabo em perfeita duração de sintonia íntima. Tava bom demais, pois isso lhe deixou exalando pedigree nos pelos. 
Agora ele tá em casa, não tá mais sacolejando na rua, se contenta em lamber o saco mas nem às pulgas confessa o seu tresloucado coito andarilho em noites do seu nome ao avesso. Sem dó nem piedade, voltou assanhado, saliente como nunca, marcando presença, misturando taradice com forró e muito rock and roll em quaisquer partes dos incautos que cruzarem seu caminho...
Valeu, amigos, pela preocupação e grande torcida.
Meu coração não se cansa de latir agradecimentos! 

(Alex Contente)

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