SOLOS DE VIDA

Negrete se foi mas sua contribuição na Terra fica por aqui mesmo. Ele levou somente a essência do seu ser pessoal, algo intransferível. Quem sou eu para julgá-lo. Deixo para os abutres de plantão, esses sim, que gostam de pairar sobre cadáver. Vá, Negrete, se juntar ao outro Renato e que, juntos, vocês possam tocar seus infinitos acordes para os que ainda estão por aqui com um dedo em algum lugar...


(Alex Contente)

SONHOS EM CERA

O adeus vivo do Rei do Pop

A diva não morreu

A exposição Dreamland - que está aqui em Belém - tem o incrível poder de trazer, para bem pertinho de nossos olhos, os astros que já morreram e os que estão vivos. Fantasticamente imaginário!

(Alex Contente)

BICHOS ESCROTOS

São cães e gatos
cagando no quintal.
Sapos e rãs também
passeiam por lá!
Pombos e urubus fazem
pouso rasante no telhado.
Ratos e catitas dominam
o lugar vazio.
Enquanto a abelha faz
mel no cercado.
Besouros e baratas,
carapanãs e formigas
fazem o carnaval
antissocial...



(Alex Contente)

DE PALAVRA EM PALAVRA

Transfetos, anjos do inferno
Rádios e vitrolas, eletromusicais
País pandeiro, batuque da falência
A2, A3, A4, salada de papéis
Aquarela do Brasil, tinta clássica
Lição 13, nadar contra a maré
Welcome, Heaven, Hell
Carna Rock, carma monstro
Livro de ouro, código literário
Penso, logo esqueço
BRT, tragicomédia belenense
Panis et circenses, impossíveis
Boogie-woogie, alegria inconteste
Noel Rosa, prosa de botequim
I.N.R.I., sigla da perfeição
Elias Pinto, celeiro de crônicas
Aldeia Amazônica, hipersupérfluo
Presbítero, dom da profecia
Pele negra, lágrima clara
Sala vip, maconha livre
Polícia, milícia, malícia
BBB, embundamento cultural
Medo, cochilo da fé
Tristeza, senhora da agonia
Literatura, fina flor.

(Alex Contente)

POESIA ( À SOMBRA DO SILÊNCIO )

Não sou contente nem triste nem poeta.
Porém, tudo quero buscar. Cadê?
Não me lembro de ter rezado o Pai-Nosso.
Mas, Pai, vigia meus passos.
Sei que trazes a glória em ti.
Canto com a alma esticada na sala.
Mas sinto-me ferido na garganta.
À sombra do silêncio, calo e pairo...

(Alex Contente)

POESIA ( SOBREVOO MARES )

POESIA ( TANTO AMAR )

GENTE COM ESPÍRITO DE TUDO

Aqui os ventos revoltam as folhas
Aqui se vê a cara da jia
Aqui gente causa em cima dos automóveis
Aqui nada é sagrado, nem sapo nem grilo
Aqui espírito dá o primeiro pulo
Aqui tem gente que não sabe os modos 
Aqui gente toma tudo: vinho, soda, cachaça
E tudo mais que for líquido
Aqui existe uma tribo
Onde todo mundo é igual
Na rua ou na mesa do bar
Daqui o céu parece tão confuso
De gente que torna os tempos imóveis
Aqui tem gente mal, gente boa
Aqui tem gente que tem
E gente que nada tem
Aqui tem evangélicos, macumbeiros, ateus
Tem gente masculina, feminina e assim
Aqui não há espaço para outros
Aqui no Guamá tem esse fato todo
Aqui não havia nada mas passou a haver...

(Alex Contente)