Eu vim pra cá pro Ceará e me misturei com a terra, com o mar (ah, que mar!), com as noites e ondas do luar, às vezes melancolicamente e outras com largas vacas gordas. Sempre com presença marcante nas andanças fortalezenses, sob o sol sempre a pino castigando tudo e ao mesmo tempo purificando a todos.
Oito anos sentindo pureza, pureza de um povo, de um lugar, de uma tribo (indígena, sim, pois ainda há tribos por aqui), uma nação cujo povo acorda de madrugada pra ir pra luta e ao cair da noite estão calados, cansados e, claro, exaustos.
Um povo que fala cantando, que tem sorriso solto, piada contagiante (tirada da própria desgraça), com aquele abraço comedido às vezes até distante, carregado de calor nordestino.
Povo que também tem muita coisa triste, como a miséria que nunca acaba. Mas sempre com uma pontinha de esperança e a fé inabalável de que alguma coisa aconteça em suas vidas. Mesmo quando a chuva não vem. E quase nunca vem.
Todavia, nada é perturbador pra esse povo, tão diferente, sim, mas tão batalhador, sofrido e tão tudo, mas que em cada lar, em cada parede, há sempre um retrato de esperança na porta da casa.
O Estado do Ceará é filho da vontade - entre delícias e dores, assim como também é filho do milho, do feijão verde, da feira que predomina em cada bairro, da miúdeza, da renda, do artesanato, do doce mel, da fava e, o melhor, da buchada, panelada, carneiro ao molho, galinha cabidela, e tripa de porco assada pelas ruelas abaixo.
poeta Alex Contente